Z-18) Bordoadas do destino > 216 págs
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Ao amanhecer, torcido pela a dor...
Ele segue a estrada seca;
Levando na pele e na sina
A cor negra da noite.
Marcado pelos os açoites
Das bordoadas do destino:
Cabisbaixo... O velho caminha
Sobre um velho burro cargueiro
(Levando barris divididos) ...
Os dois velhos... desprotegidos...
São bons companheiros!
E seguem - sozinho... sozinho...
- E a sombra desanimada
Segue rente ao chão:
Paralela ao burro
E ao negro sem ilusão!
A água está longe..., no entanto,
Mais próxima que a esperança
De que um dia acabe a seca e a fome:
Miséria do sertão.
O velho esgotado,
Sem recurso e prestigio, nos revela...
Através de simples e profundo vestígio,
Onde a sofrida feição nos expressa,
Um silencioso hino...
Por marcas inevitáveis...
Das bordoadas do destino.
02. Vidinha besta
Vida besta era aquela em que eu levava...
Não sei ao certo, quem é que levava?
Se eu, ou a besta vida – que me travava,
Negando-me o pão em minha própria terra natal.
Nada tinha ali para se viver...
Tudo estava dedicado aos ricos,
Pois o pobre não podia nem lavar o penico...
Alguma continha que faziam nas vendas,
Quase sempre não pagavam.
Vivia desandado nos negócios que fazia
E mais desandado ainda ao emprego,
Pois não tinha nada para fazer...
Os empregados das Mansões e fazendas
Vinham de fora: parecia que ali não tinha gente.
Era um desprezo total com os habitantes, local.
Um dia, o tempo surto de tanto ver injustiça...
E pós a boca no trombone e soprara tudo para fora...
Fora uma tempestade do diabo a gargalhar:
O mar subiu e desceu numa vingança desgraçada! ...
Só sobraram os pobres quem não estava na emboscada...
Porque os que não morreram de fome
Morreram na tempestade: mulheres, crianças e idosos;
E os homens sadios preguiçosos que não quiseram
Tentar o pão em outras cidades.
03. Momentos reais
Destes horizontes azuis, me restam muitas lembranças...
Sem alças e sem alcances...
Pois o passado engoliu - puta que o pariu! ...
Os meus sonhos morreram, quais os tempos que passaram.
Agora é novo tempo – quantos excrementos...
Nada me restou...
Lembranças não é vitamina do tempo que se comera,
Pois é o tempo que nos come
E derruba o excremento, num tremendo descaro,
Zombaria do tempo, quase inexplicável.
Oh! Quem me dera ter as vitaminas dos tempos,
Mas já se descompuserem: então eu seria feliz!
Mas o tempo que se passa é tão mísero!
É tão zombador!
Que nos faz um relho: otários!
De um assentamento em terra embaçada,
Faltante do tempo que já não existe,
Que não queríamos que morresse, mas morreu,
E temos que abraçar o presente, agressivamente.
Destes horizontes azuis, me restam muitas lembranças...
Sem alças e sem alcances...
Pois o que morrera não se dá para buscar jamais.
Pois é preciso esquecer-se os duros ais
E recomeçar a vida atualizando o astral
No processamento de vida atual – e sensações reais.
04. Destino de bandido
Rosnam inutilmente, esses cães malucos da maldade;
A beira de abismos sucumbidos às profundezas do chão...
Rosnam inutilmente, ainda com os pés no solo dos bons!
Mas, mais cedo ou mais tarde cairão,
Ao orifício do abismo chamado, morte! Então,
Deixarão de rosnar contra a sociedade com a infestação...
Invadem a liberdade alheia de viver os direitos de vida
Dentro de uma sociedade constituída para o bem!
E com os seus roubos e mortes, efetuam os latrocínios,
Assaltos a bancos, comércios, residências e transeuntes,
Que circulam dentro de um espaço e liberdade sua
De cidadão que luta pela a sobrevivência.
Rosnam inutilmente, todos os praticantes dessas e outras...
Maldades de todas as espécies contra as vidas e patrimônios.
A sociedade fala e pede justiça, incansavelmente,
E não é para subestimá-los. Porque a sociedade sim,
Que é subestimada pelas as más ações desses demônios...
Demônios que são freados por um pouco em prisões,
Mas quando soltos saem como cães loucos para destruir
O espaço, que o lado bom da sociedade dá a manutenção.
Essas atitudes malignas não deixará o jovem envelhecer,
Pois bandido velho são aqueles que somente começaram
Quando já estavam um tanto envelhecidos...
Oh! Jovem bandido - quer envelhecer? Mude sua atitude.
05. Filhos da vitória
Ainda que todas as coisas se levantem contra ti
Não se levante contra nenhuma delas:
Abaixe-se ligeiramente ao arraial da peleja,
Rastejando-se em fuga a esparrela... E ali,
Encontrará um esconderijo a vista de todos
Que ansiosos querem matar:
Não farás parte de todos os exterminadores
E nem de todos os exterminados...
Voltará aos braços da vitória, que te espera em si!
Pois somente abaixado estará fora da mira dos fuzis
E somente rastejando estará fugindo das granadas.
Os combates são constantes entre as criaturas:
Quer seja em casa, no trabalho ou, onde estuda.
O campo invisível e cheio de perigosos inimigos:
Gente que tem inveja da capacidade manifesta
De intelectualismo, de bens adquiridos...
Gente que tem inveja se faz inimiga,
Pela a incapacidade de ser até mesmo aquilo
Que já está ao seu alcance, mas não vê, está cego...
Cego de inveja por aquilo que não lhe pertence;
Que invés de olhar para as suas possibilidades
Olham para os outros, enraivecidos.
Ainda que todas as coisas se levantem contra ti
Não se levante contra nenhuma delas:
Busque em si as forças doadas pela a própria vitória
Que misteriosamente, divinamente,
Darão aos poucos...
Quais ferramentas invisíveis ao olhar dos inimigos,
Que somente verão as depois de serem derrotados;
E saberão que tu festejas a sorte do teu livramento
Nos braços da vitória, que acompanhava o teu passo,
Entremeio as duas partes do duro combate:
Se ainda estás no combate – vai que a vitória é sua!
06. O equilíbrio
Caindo as águas dos montes
Elas exaltam os níveis dos rios.
E se cair em demasia,
Então, alagam e cobrem as pontes...
O excesso das coisas é prejudicial
Em todas as coisas existentes.
Se a tua intuição estiver caindo,
Talvez seja bom cair um pouco,
Mas se estiver caindo demais,
Alagará a recepção d’outrem
Tirando-as da paciência. E o amém,
Para as relações entrará em ais! ...
Tudo se arruinará, aos outros e a ti!
Segure as pontas para os excessos
E mantenha o equilíbrio da razão,
Analisando melhor as intuições...
07. Partida
Antes de brotar o sol, partirei...
Partirei pelo o apêndice da noite
Para que o sol não me apanhe aqui.
Estarei pisando no início do lá...
Desconhecido do presente.
Terei saudades? Talvez...
Levarei um casaco de veludo,
Camisetas, cuecas e bermudas...
Terei glória ou, um deus nos acuda!
Verei o inverno debulhar a neve...
E o sol de verão queimado a relva
Bem ali debaixo dos meus pés...
Irei para vários lugares – contudo,
Jamais darei uma volta ao mundo,
Porque sairia no mesmo lugar,
Em que estou partindo agora:
Darei ao mundo menos de uma volta
Para me escapar da presente revolta...
Aquilo que aqui é um caso perdido,
Em outros lugares será achado,
Num recomeço de nova vida. Adeus!
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